‘Stalker’ de Débora Falabella por 10 anos é inocentada: o que fazer quando acusado vira vítima?

A Justiça inocentou a mulher acusada de perseguir a atriz Débora Falabella durante uma década. O tribunal considerou que a acusada, por questões emocionais e psicológicas, é incapaz de compreender a ilegalidade dos seus atos.

Atriz Débora Falabella sofreu perseguição de uma fã por mais de 10 anos

Débora Falabella foi vítima de ‘stalking’ por uma fã por mais de 10 anos – Foto: Internet/Reprodução/ND

O caso envolve uma situação delicada. A acusada chegou a descobrir o local de trabalho de Débora Falabella e até mesmo a frequentar a casa da atriz.

Apesar da perseguição, a mulher foi absolvida por ser classificada como inimputável. Como medida, a Justiça determinou que ela receba tratamento médico e psicológico por um período de dois anos.

Advogada criminalista explica como proceder em casos de ‘stalking’

Conforme a advogada criminalista Natália Veran Campos, a ação de ‘stalking’ exige uma repetição desses atos para sua materialização. “Tal conduta caracteriza um comportamento obsessivo, causando diversos impactos na vida da vítima”, explica.

A especialista conta que nessas situações, “recomenda-se o armazenamento de todas as provas possíveis, o registro do boletim de ocorrência (se a vítima for mulher, em uma delegacia especializada) e que sempre manifeste o interesse em ver o agente processado (o que deve ser feito no prazo de seis meses)”.

Ela orienta a busca de apoio psicológico para a própria vítima. Segundo Natália, as orientações básicas envolvem cuidados com a segurança, apoio de conhecidos e que se evite contato com o ‘stalker’ de qualquer forma.

“Além disso, são fixadas pelo Poder Judiciário medidas protetivas em favor da vítima, dentre elas o afastamento, a proibição de contato. Na situação de descumprimento, não só elas podem ser ampliadas (fixadas outras), como pode ser decretada a prisão preventiva do agente”, diz Natália.

E quando o ‘stalker’ alega problemas psicológicos?

Natália explica também como proceder quando o perseguidor é constatado com problemas psicológicos, como a ‘stalker’ de Débora Falabella. “Quando o agente alegar problemas psicológicos o processo se torna um pouco mais complicado, no entanto, as recomendações são as mesmas”, afirma.

Segundo a advogada, a única diferença é de que é possível solicitar uma avaliação psicológica do acusado. “Sendo o caso, ocorre a internação compulsória – na hipótese de possível reiteração e/ou descumprimento das medidas protetivas fixadas”.

Perseguição à atriz começou em 2013

Em 2015, a mulher esperou em um local restrito do teatro onde a atriz se apresentava e tentou entrar forçado no camarim de Débora – Foto: Reprodução Instagram Débora Falabella

A história veio à tona no ano de 2013, no Rio de Janeiro. A mulher que se dizia fã de Débora entrou no mesmo elevador que a atriz e pediu uma foto. A partir daí, começou uma série de perseguições à atriz.

Os dias seguiram e a mulher enviou diversos presentes ao camarim de Débora, como toalha branca, objetos e uma carta íntima e invasiva à atriz.

Em 2015, outra situação semelhante aconteceu durante uma peça no Sesc Copacabana, no Rio. A mulher esperou em um local restrito do teatro e tentou entrar forçado no camarim de Débora. Ela foi retirada à força por seguranças.

Na época, a atriz registrou um boletim de ocorrência contra a ‘stalker’ por ameaça. Porém, o processo foi encerrado. Em 2018, a atriz sofreu outro episódio de perseguição quando a mesma mulher apareceu na primeira fila de uma peça em São Paulo.

Em 2022, a ‘stalker’ criou um grupo com Débora e a irmã da atriz, passando a enviar mensagens a elas. A perseguidora alegava que mantinha relações sexuais com a atriz. No mesmo ano, a ‘stalker’ descobriu o endereço do hotel em que a atriz estava.

Stalker chegou a criar um grupo com Débora no Instagram

Mulher mandava constantes mensagens pelas redes sociais à artista – Foto: Internet/Reprodução/ND

Em 2023, Débora Falabella pediu medida protetiva contra a mulher. No entanto, a mulher descumpriu a ordem judicial ao entrar em contato com a artista pelo Instagram e pelo WhatsApp.

A defesa da atriz pediu a prisão preventiva da mulher e o Ministério Público acatou o pedido. Porém, ela foi internada em uma clínica psiquiátrica.

Em fevereiro de 2024, a ‘stalker’ foi presa preventivamente em Recife. No fim de março, ela foi submetida a perícia psiquiátrica e diagnosticada com esquizofrenia.

A prisão preventiva foi revogada por ser considerada inimputável (incapaz de responder por seus atos). Ela não pode se aproximar da atriz, sob pena de internação provisória.

Débora Falabella se pronunciou sobre o caso: ‘É algo que evito falar’

‘Stalker’ chegou a descobrir o local de trabalho e o endereço da casa da atriz – Foto: Internet/Reprodução/ND

A atriz Débora Falabella relatou, em entrevista ao Globo, que é um assunto muito difícil de falar. Ela afirmou que não conhece e nunca manteve contato com a mulher.

“É algo de que evito falar. Tem a minha história e a história dela que, com certeza, tem problemas. Estão cuidando para ser da forma melhor possível, tanto pra mim quanto pra ela”, desabafou a atriz.

Na ocasião, a artista comparou o episódio do acontecimento com a série ‘Bebe Rena’, da Netflix. A série aborda a história de uma ‘stalker‘ que conhece um homem em um bar e passa a persegui-lo todos os dias.

“A gente viu essa série agora ‘Bebê Rena’… Mas ali realmente ele conversou… É essa relação de fã… É ruim pra mim… Tem uma perseguição atrás por um trabalho que faço e pelo qual essa pessoa chega até a mim. Eu sei que tem um problema”, comparou.

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