Cinco meses após adolescente ser morto pela polícia de Ibirama, inquérito segue sem conclusão

A conclusão do inquérito policial que investiga a morte de um adolescente de 15 anos, baleado pela Polícia Militar de Ibirama, foi prorrogada, mais uma vez. Rafael Adriano foi morto a tiros no dia 7 de março deste ano, em frente ao IFC (Instituto Federal Catarinense), no bairro Bela Vista.

carros estacionados em rua com viatura da polícia adiante

Adolescente foi morto pela polícia de Ibirama em frente a uma instituição de ensino, que lamentou o fato – Foto: Redes sociais/Reprodução ND

Há cinco meses, a rotina da mãe do adolescente, Jucemara Adriano, virou um misto de conversas com advogados, saudade e persistência para provar que Rafael Floriano era um adolescente que não oferecia riscos para os outros.

Nesta quinta-feira (15), ele completaria 16 anos, lembra Jucemara. Ela ressalta que o filho tinha problemas de saúde mental e acionou a polícia naquele dia depois que ele saiu de casa, sem rumo.

“Meu filho estava com depressão. Ele mesmo queria tirar a própria. Eu pedi ajuda da Polícia Militar para salvarem meu filho. A última resposta dele para minha filha é que tinha gente correndo atrás dele”, conta.

adolescente morto pela polícia de Ibirama é motivo de angústia de Jucemara, mãe do menino

Mãe acompanha com angústia e espera a conclusão do inquérito que vai explicar o que aconteceu no dia em que Rafael foi morto pela polícia de Ibirama – Foto: Isabella Camargo Dotta/NDTV

A mãe também relata se sentir ansiosa pela conclusão do inquérito policial que, normalmente, é entregue ao Ministério Público em 30 dias.

“Eu tenho um filho de 20 [anos], e uma filha de 30. E eles não aceitam a morte do irmão. Tem dias que eu não aguento, a gente quer que as coisas aconteçam, que se resolvam da noite para o dia”, desabafa.

Polícia Militar de Ibirama já se manifestou sobre o caso

Na época, a PM disse, em nota, que foi chamada para atender uma ocorrência de ameaça, “onde um jovem, menor de idade, de posse de faca, estaria ameaçando a própria mãe (…) o adolescente fugiu da casa e enviou imagens da faca para seus colegas, bem como realizou ameaças através de aplicativo de mensagens“.

A corporação relatou, ainda, que quando o menino foi encontrado, foi dada a ordem para que largasse a faca, “a qual não foi acatada, vindo ele, ainda de posse da faca, a avançar em direção aos policiais militares, os quais tiveram de repelir à injusta agressão, disparando contra o jovem“, conclui a nota.

Rafael chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros Voluntários de Ibirama, mas morreu ao dar entrada no Hospital Doutor Waldomiro Colautti.

Imagens de câmera corporal de agente que atuou na ocorrência mostram que adolescente já estaria rendido antes de ser morto pela polícia de Ibirama – Foto: Reprodução/ND

Uma semana depois, foram divulgadas imagens de uma das câmeras usadas pelos policiais. Nelas é possível perceber que Rafael já estava rendido, de braços abertos, quando foi baleado.

Para a reportagem do NDMais a Polícia Militar afirmou ter concluído o Inquérito Policial Militar que seguiu para apreciação do Ministério Público. A conclusão não deve ser divulgada neste momento, segundo a corporação, já que a investigação da Polícia Civil não foi concluída – cada instituição conduz uma investigação.

Inquérito sobre adolescente morto pela polícia de Ibirama não tem prazo para conclusão

A Polícia Civil de Santa Catarina disse que o prazo para conclusão do inquérito policial foi prorrogado. Uma estimativa de entrega do documento não foi dada.

No fim de maio, o Ministério Público do Estado já havia prorrogado o prazo a pedido da autoridade policial.

Inquérito policial da Civil já se estende por 5 meses; investigações costumam levar 30 dias, mas podem ter prazos prorrogados conforme complexidade  – Foto: Polícia Civil/Reprodução/ND

Normalmente, investigações tem 30 dias para serem concluídas e entregues ao Ministério Público. A Polícia Civil diz que prorrogações podem ser solicitadas em situações de complexidade.

No caso do inquérito que apura a morte de Rafael Floriano, a Civil de Ibirama informou que a demora ocorre devido a necessidade de mais informações e ao baixo efetivo de policiais na cidade. Com a demanda de ocorrências, os agentes não estariam conseguindo se debruçar em somente um caso.

Já o Ministério Público de Santa Catarina comunicou não ter atualização do caso e reforçou que a investigação é sigilosa.

 

 

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