‘Nunca tive tanto medo’: homens armados assaltam estudantes dentro da UFSC, em Florianópolis

Dois estudantes foram vítimas de um assalto na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), dentro do Campus Trindade, em Florianópolis. Três homens armados abordaram os jovens após um evento na noite de segunda-feira (26).

Assalto na UFSC aconteceu em frente ao ponto de ônibus da Biblioteca Universitária

O assalto na UFSC ocorreu em frente ao ponto de ônibus da Biblioteca Universitária, em Florianópolis – Foto: Beatriz Rohde/ND

Os estudantes, de 24 e 26 anos, estavam saindo de uma festa na Praça do Pida, como é conhecida a Praça Santos Dumont, em frente à entrada do Campus Trindade. Todo primeiro dia letivo do semestre, os alunos da UFSC se reúnem no local para festejar a volta às aulas.

G. e W., que preferiram não se identificar, buscavam o carro no estacionamento localizado entre o CCE (Centro de Comunicação e Expressão) e o CSE (Centro Socioeconômico) quando foram rendidos por três homens armados, por volta de 1h da manhã de terça-feira (27).

“Foi muito rápido e muito assustador”, descreve G., graduanda da UFSC. “Eu nunca fiquei com tanto medo na minha vida”.

Homem armado com revólver

O estudante de 26 anos levou coronhadas na cabeça e no rosto durante o assalto na UFSC – Foto: Reprodução/senivpetro/Freepik

Eles não tinham bebido na festa e estavam alerta, por isso notaram a movimentação dos suspeitos escondidos sob uma sombra. “Abre rápido”, falou a estudante para o amigo, enquanto se apressavam para entrar no veículo.

No entanto, já era tarde demais: os assaltantes impediram que o motorista W. fechasse a porta e o tiraram do carro à força, puxando-o pelo cabelo. Eles bateram com a coronha da arma na cabeça do jovem e no rosto, no nível dos olhos.

“Ele começou a gritar ‘sai agora, para fora’”, lembra G. “Eu não saí, eu fiquei em choque”. Um dos assaltantes encapuzados foi até a porta da jovem e ordenou que ela também deixasse o carro, com a arma em punho.

Os assaltantes ficaram de tocaia nas sombras do estacionamento do CSE, na UFSC – Foto: Beatriz Rohde/ND

“Eu desci com as mãos para cima e ele falou: ‘me dá o teu celular agora, senão tu vai morrer’”, relata a estudante, que cedeu o aparelho. Em meio ao assalto na UFSC, ela conseguiu salvar a mochila em que levava documentos pessoais.

Os homens armados também pediram o celular de W., mas ele se recusou a entregar. O grupo, então, se concentrou em roubar o carro, enquanto as vítimas iam embora em busca do socorro.

“Deu para ver que eles já estavam ali de tocaia e agiram no exato instante em que viram a gente se aproximar do carro. Acho que foi premeditado”, considera G.

Homens armados levam celular, mas deixam carro elétrico

Os dois jovens saíram andando e os suspeitos ficaram no local para vasculhar o carro. Com a visão turva pelo pânico, as vítimas ligaram para a polícia e pediram ajuda na guarita na entrada do campus, onde havia um guarda de plantão.

Assaltante com celular

Os suspeitos roubaram um celular e duas chaves de casa – Foto: Divulgação/ND

Os estudantes lembram que a polícia militar chegou cerca de 20 minutos depois. Os agentes foram até o estacionamento onde ocorreu o assalto na UFSC e o veículo dos estudantes continuava no mesmo lugar. Os três criminosos haviam levado somente as duas chaves de casa que estavam no painel.

Os jovens acreditam que os assaltantes não conseguiram ligar o carro elétrico, que não precisa de chave de ignição e tem comandos diferentes.

“Eles não precisavam nem achar a chave. Dava para só ligarem o carro e irem embora”, explica W. “A minha teoria é que eles tentaram ligar o carro com a chave da minha casa e não acharam o furo”, pondera.

Praça do Pida lotada de estudantes da UFSC

A Praça do Pida, em frente ao campus, estava lotada no momento do assalto na UFSC, por volta de 1h da manhã – Foto: Júlia Duarte/Reprodução/ND

Os suspeitos do assalto na UFSC desistiram do veículo e fugiram. As vítimas conseguiram rastrear o celular roubado e duas viaturas da polícia militar e uma da segurança da universidade foram atrás, ainda dentro do campus.

Eles chegaram a ver pessoas correndo rápido em direção a um prédio em construção atrás do CSE, porém, o sinal do aparelho foi interrompido e os assaltantes não foram localizados. As vítimas registraram boletim de ocorrência e só chegaram em casa às 4h da manhã.

Campus estava mal iluminado no momento do assalto na UFSC

Os jovens que sofreram o assalto na UFSC destacaram a falta de iluminação no Campus Trindade. “Estava bem escuro lá, e mesmo tendo gente em volta, isso aconteceu”, descreve G.

O carro estava estacionado na primeira vaga, logo em frente ao ponto de ônibus da Biblioteca Universitária. Apesar de mal iluminado, o local não estava vazio. No momento da ocorrência, por volta de 1h da manhã, a Praça do Pida continuava lotada de jovens.

Rótula em frente ao CCE da UFSC à noite

As vítimas relataram que o campus estava escuro quando ocorreu o assalto na UFSC – Foto: Beatriz Rohde/ND

Eles relatam que havia outras pessoas paradas a poucos metros da abordagem, mas elas não perceberam que acontecia um assalto na UFSC.

“O tempo todo estava passando gente no caminho, tinha um fluxo bem grande de pessoas”, lembra W. Ele é estudante do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) e só frequenta o campus da UFSC quando tem festas. “Eu quase sempre deixava o carro ali, estava acostumado”, afirma.

“Era um lugar de segurança estacionar ali”, define G, que faz um curso diurno e não costuma andar pela universidade à noite.

Ponto de ônibus da Biblioteca Universitária da UFSC à noite

Acompanhados da polícia, os jovens chegaram a avistar os suspeitos correndo após o crime no campus – Foto: Beatriz Rohde/ND

“É a minha universidade, é um lugar onde eu estava acostumada a me sentir segura. Eu nunca tinha tido motivos para não me sentir, agora eu tenho todos os motivos do mundo. Foi um choque de realidade absurdo”, completa a estudante.

Procurada pela reportagem, a SSI (Secretaria de Segurança Institucional da UFSC) optou por não se pronunciar sobre o caso. A reitoria da universidade se manifestou dizendo que vai apurar o que aconteceu.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.