Trump promete abrir a caixa-preta do assassinato de John F. Kennedy

Em campanha para a presidência dos Estados Unidos, posto que ocupou de 2017 a 2021, Donald Trump movimentou o cenário político norte-americano. Trump promete abrir a caixa-preta do assassinato de John F. Kennedy, caso vença as eleições, marcadas para novembro.

No último sábado, em comício realizado no Arizona, Trump resgatou um tema que ainda carrega um tom de mistério e é um dos mais debatidos nos Estados Unidos: o assassinato de JFK, ex-presidente norte-americano.

Nesta corrida presidencial, Trump ganhou o apoio de Robert F. Kennedy, sobrinho de JFK. Ele desistiu da candidatura para apoiar o candidato republicano. Por sinal, a promessa de Trump foi realizada na presença de Robert.

As promessas de Trump

A ideia de Donald Trump é criar uma comissão especial no governo dos EUA sobre “tentativas de assassinato”. O ex-presidente, por sinal, foi vítima de um atentado recentemente. No dia 13 de julho, em uma comício na Pensilvânia, ele sofreu um atentado a tiros.

Trump reacende o tema assassinato de John F. Kennedy

Trump foi vítima de atentado | Foto: Rebecca DROKE / AFP

Na ocasião, Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, fez disparos na direção do ex-presidente. Trump levou um tiro de raspão na orelha direita, enquanto um espectador do evento morreu. Já o atirador foi morto pelo serviço de segurança.

Na promessa de Trump, a comissão que ele pretende criar, caso eleito, vai ser responsável pela liberação de documentos históricos sobre o assassinato de JFK que continuam sob sigilo governamental.

Na época em que foi presidente dos Estados Unidos, Donald Trump liberou documentos sigilosos envolvendo o assassinato de John F. Kennedy. Contudo, ele manteve alguns arquivos em sigilo e alegou “questões de segurança nacional”.

O ex-presidente acatou recomendação da CIA e do FBI, órgãos de inteligência e segurança, além de outras agências de segurança norte-americanas, que temiam que a identidade de “indivíduos envolvidos e os papéis como informantes de uma investigação de segurança e inteligência” fosse divulgada.

Com o pano de fundo eleitoral, Trump e o caso Kennedy reacende um tema controverso para muitos nos Estados Unidos. Por sinal, o apoio do sobrinho de John F. Kennedy é uma peça no xadrez da política norte-americana.

Robert F. Kennedy, até então candidato independente, carrega o apoio de 4% do eleitorado norte-americano, segundo pesquisa realizada pela Ipsos em agosto. Em um cenário de equilíbrio entre Kamala Harris, atual vice-presidente e candidata do Partido Democrata, e Trump, candidato republicano, cada voto conta.

O assassinato de John F. Kennedy

JFK foi assassinado no dia 22 de novembro de 1963, em Dallas, no Texas. Ele desfilava em carro aberto quando foi atingido por disparos de rifle. Kennedy era uma figura emblemática e de muita popularidade nos Estados Unidos.

John Kennedy foi assassinado em 1963

John F. Kennedy, em primeiro plano, foi presidente dos Estados Unidos de 1961 a 1963 – Foto: National Archives

A investigação do crime apontou Lee Harvey Oswald, um ex-fuzileiro naval, como o assassino. Contudo, 61 anos depois, teorias sobre o assassinato de JFK continuam reverberando nos Estados Unidos.

Embora Lee seja apontado como único responsável pelo crime, boa parte da população norte-americana duvida da investigação, segundo pesquisa da “Gallup Poll”. Assim, teorias como a que o crime organizado, agentes de segurança dos Estados Unidos e Cuba teriam participação no assassinato compõem o debate sobre o tema.

Documentos e segredos não revelados

Em outubro de 2017, Trump atendeu uma lei de 1992, que previa a publicação dos arquivos sobre o assassinato de JFK em 25 anos, a não ser que o presidente decidisse o contrário.

– Hoje ordeno que o véu finalmente seja levantado – foi o memorando divulgado por Trump sobre documentos JFK. Contudo, os documentos revelados não mudaram a conclusão do caso, que Lee Harvey Oswald agiu sozinho.

Trump se movimenta no cenário político norte-americano

Trump reacende debate sobre JFK – Foto: X/ Reprodução/ ND

A CIA e o FBI, além do Departamento de Justiça, foram responsáveis pela produção da maior parte dos documentos envolvendo o assassinato de JFK. Em 2017, recomendaram que Trump não divulgasse tudo pelo teor “sensível” de parte da documentação.

Em 2023, o Arquivo Nacional dos Estados Unidos fez uma revisão sobre os documentos envolvendo o assassinato de Kennedy e apontou que 99% deles foram disponibilizados publicamente.

Teorias da conspiração e interesse público

A popularidade de JFK explica por que o crime de 1963 “continua atual”. O presidente era muito querido pela população norte-americana e foi chocantemente assassinado, o que virou um marco na história dos EUA.

O ex-fuzileiro naval Lee Harvey Oswald, responsável pelo crime, foi assassinado dois dias depois. Lee seria transferido para uma prisão e foi morto por Jack Ruby, dono de boates. Como a transferência era acompanhada pela mídia, o crime foi transmitido ao vivo na TV norte-americana.

Lee, assim, não foi julgado pelo assassinato de John F. Kennedy. O ex-fuzileiro naval era socialista e chegou a viver na então União Soviética. Tal ligação alimentou teorias da conspiração, assim como a tentativa frustrada de ir para Cuba antes da morte de Kennedy.

A promessa de Trump de abrir a caixa-preta do assassinato de John F. Kennedy reacende o debate sobre o crime e, por tabela, infla aqueles que acreditam nas teorias sobre o assassinato de JFK.

Implicações políticas da promessa de Trump

Em campanha, Trump, assim, fez um movimento político contundente, em uma estratégia “dupla”. Ele valoriza o apoio do sobrinho de Kennedy e realimenta, ao mesmo tempo, o debate sobre um tópico sensível nos Estados Unidos.

Desta forma, Trump acena para o grupo que duvida do inquérito sobre o assassinato de JFK, enquanto agora tem Robert como aliado, mirando o eleitorado do sobrinho do ex-presidente.

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