
Areal rivaliza na disputa pelo tráfico de drogas com o bairro Baixada, onde os adolescentes moravam. Por ordem do tráfico, os moradores não podiam frequentar os bairros uns dos outros.
“A motivação é ligada ao tráfico. Está comprovada pra gente a participação do Caíque”, disse o secretário estadual de segurança pública, Alexandre Ramalho. As famílias afirmam que os adolescentes não tinham envolvimento com o crime.
Além de Marcos Vinícius, está preso um motorista de aplicativo, que transportou os adolescentes, e um menor que fugiu de Sooretama para a Serra e foi apreendido em Jardim Carapina na quinta-feira (31).
Na tarde do desaparecimento, 18 de agosto, houve uma tentativa de homicídio em uma barbearia de Areal, em um ataque do tráfico. Um homem foi baleado e sobreviveu. Segundo a Polícia Civil, ele não é do crime, mas tem dois irmãos muito parecidos em aparência, que estão presos por serem do tráfico.
A notícia circulou na região e os três adolescentes, por curiosidade, junto com o irmão mais velho de um deles, foram até Areal saber do crime. De lá, o rapaz foi para a casa da sogra e as vítimas voltariam para suas residências, mas isso nunca aconteceu.

Os três foram levados pelo motorista de aplicativo para uma grande área de eucalipto, usada por traficantes para embalar e comercializar drogas. Lá eles foram executados com requintes de crueldade por “Caíque” e enterrados.
Foi nesse carro do motorista, um Etios vermelho, que a polícia encontrou vestígios de sangue e ainda aguarda resultado do exame de DNA para saber se era dos adolescentes.
Aparato de catástrofe
O desparecimento dos adolescentes foi registrado no dia seguinte, 19 de agosto, e um grande aparato de catástrofe, chamado de Sistema de Comando e Operações (SCO), do Corpo de Bombeiros, foi montado em Sooretama quatro dias depois, 23 de agosto, com apoio da Polícia Civil, Defesa Civil, assistente social e psicóloga da Prefeitura.
Áreas foram delimitadas, cães farejadores que auxiliaram nas buscas no terremoto da Turquia e drones foram utilizados. Tudo foi encontrado durante cinco dias, menos os adolescentes. Até que, no dia 24, a polícia recebeu a informação do carro que os teria transportado.
O motorista foi encontrado, levado a delegacia para prestar depoimento, mas falava coisas desconexas, entrou em contradição e acabou liberado por falta de indícios de participação e conforme a legislação penal brasileira.
Serra
Na quinta-feira (31), com apoio da Delegacia de Homicídios (DHPP) da Serra, foi encontrado o adolescente que também tem participação no crime. Um novo interrogatório com o motorista de aplicativo foi feito e a polícia chegou em “Caíque”, acusado de arquitetar as três mortes.
Troca de tiros

Segundo Alexandre Ramalho, “Caíque” não aceitou a prisão, trocou tiros com a polícia, quebrou o vidro de uma viatura e acabou atingindo uma criança de 11 anos no braço, que foi socorrida e está fora de perigo.
Mais gente
Outras pessoas participaram do crime. Todas já foram identificadas pela polícia e tem mandados de prisão expedidos.