Policial estaria trabalhando de segurança em boate de Florianópolis; PM proíbe ‘bico’

O policial militar que atirou contra o cliente de uma boate de Florianópolis — que morreu em seguida — estaria trabalhando como segurança particular do local no dia do crime, conforme apuração da reportagem do Grupo ND. No entanto, o “bico” é proibido pela PMSC (Polícia Militar de Santa Catarina).

Policial estaria trabalhando de segurança em boate de Florianópolis

Policial militar que disparou contra empresário, em boate de Florianópolis, passa por audiência de custódia nesta quarta-feira (9) – Foto: Redes Sociais/ Reprodução/ ND

O caso aconteceu na terça-feira (9) na boate Sex Night, localizada na Avenida Mauro Ramos, no Centro da Capital.

O crime aconteceu em uma confusão generalizada na escadaria do local, por volta das 6h.

O vídeo da gravação mostra quatro amigos indo até o balcão para contestar os valores que estão na comanda, que era de R$ 1801,80. Em meio à discussão, um segurança chega ao lado e tenta conversar com eles.

Em um momento, um deles fala algo ao segurança, que responde com uma cotovelada. A partir desse momento, inicia-se uma briga generalizada.

Um dos amigos que estava sentado, identificado como Thiago Kich de Melo, levanta-se e parte para cima do segurança. Um policial militar, identificado como Rafael Azevedo, que estava à paisana chega junto com outros homens para auxiliar o segurança na briga.

No meio da confusão, Thiago perde a camisa. Enquanto desferia socos em um homem, o policial puxa Thiago e, em seguida, saca uma arma de fogo e dispara em direção à vítima, que cai desorientada no chão.

Cliente que morreu em briga em casa noturna tinha 28 anos - Redes Sociais/Reprodução/ND

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Cliente que morreu em briga em casa noturna tinha 28 anos – Redes Sociais/Reprodução/ND

Briga aconteceu no interior da boate: preguntas precisam ser respondidas pela PMSC - Divulgação/ND

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Briga aconteceu no interior da boate: preguntas precisam ser respondidas pela PMSC – Divulgação/ND

Corpo foi retirado do local na manhã desta terça-feira (8) - Gabriel Prada/ ND

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Corpo foi retirado do local na manhã desta terça-feira (8) – Gabriel Prada/ ND

Corpo foi encontrado na escadaria da casa noturna, na área central de Florianópolis - Gabriel Prada/ ND

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Corpo foi encontrado na escadaria da casa noturna, na área central de Florianópolis – Gabriel Prada/ ND

Policial militar que atirou em cliente não poderia estar trabalhando como segurança na boate de Florianópolis

Segundo informações da PMSC (Polícia Militar de Santa Catarina), o próprio policial comunicou ao seu superior sobre o caso e se apresentou de forma espontânea na delegacia da Polícia Civil para prestar depoimento.

Ele foi preso e está à disposição da Justiça no 4° Batalhão da Polícia Militar. A audiência de custódia acontecerá nesta quarta-feira (9).

A Corregedoria-Geral da PMSC instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias que envolveram a presença do agente da PM na boate e identificar a possível incidência de crimes semelhantes.

Segundo informou a Polícia Civil, após interrogatório do PM à paisana, ele estaria dentro da boate de Florianópolis fazendo segurança privada armada, com uma arma de fogo de sua propriedade.

A prática é ilegal, visto que PMs são servidores públicos concursados e o Estatuto dos Policiais Militares de SC proíbe agentes da ativa a trabalharem em organizações e empresas privadas.

Tanto o policial quanto o segurança foram presos em flagrante por homicídio. O PM foi levado em custódia ao 4º Batalhão de Polícia Militar, enquanto o segurança foi conduzido ao presídio da capital.

O Grupo ND procurou a defesa do policial, que respondeu sobre o caso:

“O caso está sendo apurado pelos órgãos competentes, seguindo os trâmites legais. Ao tempo e modo, os fatos serão esclarecidos”, disse o advogado Victor Malheiros.

A reportagem entrou em contato para pedir sobre a suposta infração que o militar teria cometido ao estar trabalhando como segurança na boate de Florianópolis. Sem retorno até a publicação desta matéria, o espaço segue aberto.

O que diz a lei da PMSC sobre ‘bicos’ de policiais

A lei da PMSC, atualizada em outubro de 2023, afirma que os policiais são proibidos de ter empregos complementares nestes segmentos:

  • Atividade de comércio, administração ou gerência de sociedade empresarial
  • Atividade de gestão profissional de bens pertencentes ao patrimônio de terceiros
  • Acumulação de cargos públicos
  • Exercício da advocacia
  • Fazer parte de firmas comerciais e empresas industriais de qualquer natureza ou nelas exercer função ou emprego remunerados
  • Exercício da atividade de segurança privada, em nome próprio, de terceiro ou por meio de pessoa jurídica, com ou sem vínculo formal, para o exercício isolado ou em conjunto de atividades nas áreas de vigilância e segurança patrimonial, transporte de valores, segurança pessoal, segurança eletrônica e monitoramento de alarmes e outras atividades assemelhadas.

VÍDEO: Cliente foi pisoteado após ser baleado por policial militar

Thiago fica caído na porta da boate de Florianópolis, e então é sequencialmente pisoteado após ser baleado. O autor dos golpes é o próprio segurança. Os demais envolvidos na briga se afastam após ouvir o tiro e perceberem as marcas de sangue no chão. O policial fica encostado em uma parede, vendo a ação.

Após pisotear Thiago, o segurança ainda tenta agredir um homem que estava sentado em uma cadeira, mas é parado por um outro homem que entrou na cena após o tiro.

Mesmo pisoteado após ser baleado, Thiago não foi socorrido por ninguém da boate e já estava sem vida quando os paramédicos chegaram.


Vídeo mostra a confusão que terminou em homem pisoteado após ser baleado – Vídeo: Reprodução/ND

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