Roupas de advogada morta pelo marido em SC são achadas no PR, mas corpo segue desaparecido

Dez dias após o suposto feminicídio e o desaparecimento da advogada Karize Ana Fagundes Lemos, de 33 anos, muitas perguntas seguem sem respostas. A vítima teria sido assassinada pelo marido, de 24 anos, entre os dias 29 e 30 de setembro, em Caçador, no Meio-Oeste de Santa Catarina.

A advogada Karize Ana Fagundes Lemos, de 33 anos, teria sido morta pelo marido, mas 10 dias após o crime o corpo ainda não foi encontrado – Foto: Arquivo Pessoal/ND

Porém, até a manhã desta quarta-feira (9), nenhum corpo foi localizado. Na terça-feira (8), um novo capítulo foi desenrolado. Roupas da vítima, entre elas pijamas e camisetas, foram localizadas a cerca de 80 quilômetros de Palmas, no Paraná. O município fica a 144 quilômetros de Caçador. Nas roupas não foram encontradas marcas de sangue.

O delegado de Polícia Civil responsável pelo caso, Marcelo Colaço, disse em entrevista ao Balanço Geral que a investigação é complexa, principalmente devido à falta de testemunhas e o fato de o suspeito ter permanecido em silêncio sobre o desaparecimento e morte da advogada.

“Em tese, a informação que temos é de que ele teria desovado o corpo a 200 quilômetros de Caçador. Então, comunicamos agências policiais do Paraná para que buscas sejam feitas também na cidade de Palmas”, destacou o delegado, que pede à comunidade que, caso tenha alguma informação que leve ao corpo, informe à polícia.

Suspeito de assassinar a esposa segue preso no Paraná

O suspeito de assassinar a esposa foi localizado e preso em Guaíra, no Paraná, na manhã do dia 30 de setembro. Ele segue preso no estado paranaense. Segundo o delegado, ainda não há previsão de transferência do suspeito para Santa Catarina.

Ele estava em um carro Nissan/Marchi branco, onde foram encontrados diversos livros sobre homicídios. Os celulares da advogada também estavam no veículo e foram encaminhados para perícia da Polícia Cientifica.

A perspectiva do delegado é de que eles possam conter elementos mais concretos, inclusive, em relação ao caminho percorrido pelo suspeito até o município de Guaíra.

Uma faca e marcas de sangue também foram encontrados no carro, além dos celulares da advogada. – Foto: BPMFron/Paraná/ND

Existe uma segunda vítima?

Sobre a existência de um suposto amante e uma segunda vítima, o delegado, a princípio, descarta a possibilidade. Segundo ele, a linha de investigação no momento é a de feminicídio e desaparecimento, uma vez que ainda não há um corpo encontrado.

“Não podemos descartar nada, mas acredito que seja muito improvável outra pessoa morta e que, principalmente, teria sido levada pelo suspeito. O carro que ele usava era pequeno e estava cheio de objetos, ou seja, não caberia uma terceira pessoa ou corpo ali”, analisou.

Relembre o caso

No dia 30 de setembro (domingo) deste ano dois jovens teriam entrado em contato com a PM (Polícia Militar) de Caçador relatando que tinham conhecimento de um possível duplo homicídio.

Os jovens teriam revelado que um amigo teria enviado em um grupo de WhatsApp a mensagem afirmando que “havia feito merda”, mas não detalhou do que se tratava.

Por volta das 22h do domingo, o suspeito pelos crimes teria feito uma ligação aos amigos e confessado que matou a advogada e um suposto amante. A ligação teria sido feita quando o homem estava deslocando sentido ao Mato Grosso do Sul, onde fugiria para o Paraguai.

Conforme a PM, os amigos teriam revelado que o suspeito teria matado a companheira enforcada com uma corda e, após assassiná-la, pego o celular dela e enviado uma mensagem ao suposto amante.

A advogada teria sido morta em casa e o corpo desovado em um local ainda desconhecido. – Foto: Polícia Militar/Divulgação/ND

Na mensagem, teria se passado pela mulher e convidado o homem para ir até a casa da mesma. Quando o suposto amante chegou, o marido da mulher o teria assassinado com uma paulada na cabeça e, na sequência, usado a corda para enforcá-lo, segundo repassado pelos amigos à Polícia Militar.

Os corpos teriam sido desovados, um a 200 quilômetros de Caçador, e o outro a 100 quilômetros a frente de onde o primeiro corpo foi deixado.

Após a denúncia, os policiais foram até o endereço da casa da mulher e encontraram luzes acesas, mas ninguém estava no local. Foram identificadas marcas de sangue na garagem.

Com autorização para arrombar a porta, os policiais encontraram, dentro da casa, onde encontraram marcas de sangue que indicavam que alguém havia tentado limpá-las.

Livros de homicídio no carro do suspeito

No carro do suspeito de assassinar a esposa foram encontrados livros sobre assassinatos.

Entre os títulos encontrados no porta-malas do veículo estão a coleção ‘Mulheres Assassinas’ com livros como:  Elize Matsunaga: A mulher que esquartejou o marido, Flordelis: a pastora do Diabo e Suzane assassina e manipuladora.

Entre os itens localizados no veículo estão livros sobre crimes famosos – Foto: BPMFron/Paraná/ND

Ainda, é possível perceber o livro ‘Ted Bundy: Um Estranho ao Meu Lado’. A obra relata a história de um assassino em série que confessou ter matado, ao menos, 36 mulheres nos Estados Unidos durante os anos 1970.

Quem é a advogada?

Conforme um perfil profissional, a mulher era advogada e tecnóloga em gestão de recursos humanos. Na descrição, Karize se identificava como viciada em séries e apaixonada por gatinhos, além de ter como missão de vida solucionar conflitos e ajudar as pessoas.

A OAB Santa Catarina se manifestou sobre o ocorrido e, por meio de nota, destaca que acompanhará todos os desdobramentos do caso e lutará por justiça em nome de Karize e de todas as mulheres que foram vítimas de feminicídio.

A vítima foi identificada como a advogada Karize Ana Fagundes Lemos, de 33 anos. – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

“A OAB Santa Catarina, por meio de suas Comissões de Combate à Violência Doméstica, Mulher Advogada e OAB Por Elas, manifesta seu mais profundo pesar pelo assassinato da advogada caçadorense Dra. Karize Ana Fagundes Lemos. A Ordem catarinense se solidariza profundamente com os familiares, amigos e colegas neste momento de dor e indignação deste triste episódio. Karize foi vítima de um crime que expõe, mais uma vez, a violência doméstica que, infelizmente, insiste em nos acompanhar”.

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