‘Nada justifica’: revolta marca despedida de empresário morto em Florianópolis

Amigos, familiares e clientes se despediram, na manhã desta quarta-feira (9), de Thiago Kich de Melo, empresário morto em Florianópolis, após uma confusão em uma casa noturna. Ele foi baleado por um policial militar, que estava à paisana no estabelecimento. O agente e o segurança da boate, também envolvido na confusão, foram presos em flagrante.

Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens a Thiago Kich de Melo na manhã desta quarta-feira (9)

Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens a Thiago Kich de Melo na manhã desta quarta-feira (9) – Foto: Vivian Leal/ ND

O velório de TH, como era chamado, aconteceu na Funerária São Pedro, no bairro Itacorubi, pela manhã. A reportagem do ND Mais esteve no local e conversou com pessoas próximas ao empresário morto em Florianópolis, que estavam consternadas.

Em respeito ao momento de profunda dor, a reportagem não conversou com os pais de Thiago. Uma tia preferiu não dar declarações, mas fez questão de destacar que ele era muito amado por todos.

Clima de muita comoção e inconformismo em despedida de empresário morto em Florianópolis

Dezenas de pessoas estavam em frente à capela F da funerária, enquanto os pais, avós, tios e demais familiares se despediam de Thiago na parte interna. Camisetas brancas, com dizeres de saudades e pedidos de justiça, tomavam conta do ambiente. Natural de Florianópolis, Thiago morava com a mãe e não tinha filhos.

“Ele gostava de sair e estar com amigos, era um cara muito família também”, contou um amigo de infância do empresário, que preferiu não se identificar.

Thiago Kich de Melo era proprietário de uma lavagem, no bairro João Paulo, que fica em um terreno que pertence à família dele. “Era um lugar bom de trabalhar”, disse um funcionário, que trabalha lá há oito meses. O estabelecimento amanheceu vazio.

Outros funcionários da TK Estética Automotiva também prestaram as últimas homenagens ao empresário. O pai de um deles relatou à reportagem que o filho está extremamente abalado. “Ele me disse que ligou pra ele ontem, várias vezes, e ele não atendia. Foi saber do que aconteceu já eram 14h e entrou em desespero. É uma coisa que ninguém espera”, contou, emocionado.

Empresário morto em Florianópolis era proprietário de uma lavação e estética automotiva, no bairro João Paulo

Empresário morto em Florianópolis era proprietário de uma lavação e estética automotiva, no bairro João Paulo – Foto: Vivian Leal/ ND

“Nada justifica uma covardia dessas”, diz amiga da família

Uma amiga da família, que também preferiu manter o nome em sigilo, declarou à reportagem que Thiago era um dos melhores amigos do filho dela. “Ele está acabado”, disse ela sobre a reação do filho, quando soube da morte do amigo. “Não sai do lado do caixão”, completou.

A mulher conhece Thiago há bastante tempo e se solidarizou com a família do rapaz, que estava desolada. “Eles estavam todos lá dentro, a mãe, a avó dele. A gente não tem nem cabeça, foi muito trágico. Nada justifica uma covardia dessas”, lamentou.

Empresário foi baleado por um policial militar, que estaria fazendo um bico na casa noturna

Empresário foi baleado por um policial militar, que estaria fazendo um bico na casa noturna – Foto: Redes Sociais/ Reprodução/ ND

Alguns amigos de Thiago, vestidos com camisetas em homenagem a ele, disseram à reportagem que querem justiça pela morte repentina do rapaz de 28 anos. “O policial podia ter dado um tiro pra cima, qualquer coisa. E depois que ele estava caído no chão, o cara estava batendo ainda”, comentou outro amigo, indignado.

“A pessoa que era para fazer a segurança, zelar pelo próximo, vai e faz isso”, completou, colocando a mão no rosto em um gesto de negação. O autor do disparo que matou Thiago é um policial militar, que estaria de folga na corporação, mas fazendo um bico de segurança na boate.

Flores foram deixadas do lado de fora da capela – Foto: Vivian Leal;/ ND

“Eu nunca mais vou ver meu filho”

O velório terminou por volta de 10h40, quando os presentes deram início ao cortejo de sepultamento. A mãe de Thiago, muito emocionada, disse, entre lágrimas, que nunca mais veria o filho. Ela foi acolhida por familiares, enquanto flores eram levadas até o cemitério.

O caixão foi carregado, em meio à chuva, por amigos e membros da família, até o local em que foi enterrado, do outro lado da rua. A avó de Thiago, a quem ele era muito apegado, não acompanhou o cortejo devido à idade avançada. Ela usava uma bengala para se locomover e ficou aguardando do lado de fora da capela.

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