Delegada aponta 800 desaparecimentos ativos em RR e diz que limitações geográficas dificultam investigações

Miriam di Manso, delegada de Homicídios e Proteção à Pessoa. Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV

Cerca de 870 casos de desaparecimentos estão ativos no estado de Roraima, apontou a delegada de Homicídios e Proteção à Pessoa, da Polícia Civil, Miriam di Manso. Conforme os dados apresentados por ela, cerca de 35% refletem a registros na capital Boa Vista. A delegada destacou que, embora muitos casos sejam investigados, as limitações geográficas do estado dificultam os trabalhos de localização.

Em entrevista, após a Folha noticiar que Roraima registrou mais de 1,8 mil pessoas desaparecidas nos últimos cinco anos segundo levantamento do Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP), Miriam contestou o número. Além disso, destacou que diligências são realizadas diariamente para localização de pessoas desaparecidas.

“Por entender essa sensibilidade, o núcleo trabalha 24 horas por dia, 7 dias na semana. Nós temos um número, nós atendemos, inclusive, pedidos de outros estados, […] mas nunca deixamos de atender nenhuma demanda. Na pior das hipóteses, nós não logramos êxito em obter uma informação positiva, mas nós diligenciamos todos os dias, em todos os casos indiscriminadamente”, afirmou.

Conforme a delegada, o Núcleo de Investigações de Pessoas Desparecidas (NIP) investiga casos relacionados à capital e cada delegacia do interior é responsável por conduzir diligências caso o registro de desaparecimento seja em algum município fora de Boa Vista. Com isso, as investigações podem sofrer com limitações – como a extensão geográfica de Roraima, áreas de garimpo e a fronteira com a Venezuela – e casos podem ficar abertos por meses.

“Nós fizemos a pesquisa [de dados] desde 2020 e não são pessoas que desapareceram em 2020. O número de registros que nós recebemos, muitas vezes, são de boletins de ocorrência (B.O.) registrados meses ou anos após o desaparecimento. Às vezes, nós temos um B.O. registrado em 2023, que permanece aberto, porque a pessoa não foi localizada, mas essa localização se dá agora, por exemplo, aí nós vamos registrar um B.O. de localização atual, mas para dar notícia do aparecimento de uma pessoa que sumiu há dois, três anos. É como se o registro ele perdurasse ano após ano”, explicou Miriam fazendo referência às informações, obtidas pela Folha, sobre os mais de 1,5 mil casos sem despacho.

“Utilizamos diversas ferramentas, incluindo cruzamento de dados com a Polícia Federal, mas há limitações. Em áreas de garimpo, há relatos de mortes que não conseguimos confirmar se estão ligadas aos desaparecidos. Nem mesmo a Polícia Federal tem total acesso a essas informações”, completou.

Dados do Núcleo

Apesar de contestar os dados, o NIP apresentou números que revelam que, entre 2020 e 2025, foram registrados 1.869 casos de desaparecidos no estado, sendo 1.468 concentrados em Boa Vista. Nesse mesmo período, 1.159 pessoas foram localizadas na capital, totalizando 309 casos que permanecem ativos. Em todo o estado, o índice de desaparecidos não localizados é de 878, representando 47% do acumulado.

Além disso, o ano de 2023 teria marcado o pico de registros, com 562 desaparecimentos em Roraima, dos quais 269 foram resolvidos. Outro dado, porém, chama a atenção: em 2021, embora a capital tenha registrado 219 desaparecimentos, 252 pessoas foram localizadas, incluindo casos de anos anteriores que foram solucionados. “Isso mostra que as pessoas que não foram localizadas nos anos anteriores puderam ser depois, demonstrando que as diligências são contínuas em todos os casos”.

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