PF manda prender mexicano da “Lamborghini” em SC por esquema de pirâmide com criptomoeda

Operação ocorre em quatro estados brasileiros (Foto: Divulgação)
Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e de buscas nesta quinta-feira (4)
O empresário mexicano Jorge Antonio Fernández Garcia, conhecido por supostamente querer implantar uma fábrica da Lamborghini em Santa Catarina, é alvo de um mandado de prisão da Polícia Federal. Agentes estiverem na casa dele, em Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, na manhã desta quinta-feira (4). Ele não foi encontrado e passa a ser considerado foragido. No imóvel, foram recolhidos, com autorização judicial, documentos que devem ajudar nas investigações.
Garcia é investigado por ter criado uma criptomoeda usando o nome da fabricante italiana de carros de luxo, a qual nega qualquer relação com o mexicano. Ele teria se associado a empresas de investimento que atuavam com pirâmides financeiras. O grupo usava a figura do “integrante da Lamborghini” para atrair mais investidores, mesmo cientes de que empresário não representaria a montadora.
O número de vítimas e o valor dos prejuízos aos investidores ainda é apurado.
Garcia não é o único na mira da Polícia Federal. Os agentes também cumpriram mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão nas cidades de Itapetininga (SP), Campinas (SP), Cabo de Santo Agostinho (PE), Paulista (PE) e Belmonte (BA), onde estão sediadas as empresas parceiras do mexicano no esquema. A PF ainda solicitou o bloqueio de bens de nove pessoas físicas e seis jurídicas.
A operação foi batizada de Second Place, que significa, em português, segundo lugar. Os delitos investigados são associação criminosa, crimes contra o sistema financeiro nacional, estelionato, fraude com utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros, e evasão de divisas. As penas para esses crimes, se somadas, podem chegar a 21 anos de prisão.
Origem da investigação
As investigações que levaram à ação desta quinta-feira (4) tiveram início a partir da Operação Technikós, deflagrada em setembro de 2022. A apuração aponta que Garcia, além de comercializar indevidamente produtos da marca Lamborghini, também participou do projeto de criação de uma criptomoeda relacionada a essa mesma empresa.
Depois, o homem se associou a criminosos de outros estados envolvidos em pirâmides financeiras e movimentações de capital sem a autorização do Banco Central ou da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Polícia Federal cita que o investigado já possui uma condenação transitada em julgado nos Estados Unidos, em junho de 2020, por falsificação de contrato e assinatura falsa, tendo sido condenado a pagar a quantia de 6 milhões de dólares.
Saia-justa
O empresário chegou a participar de uma reunião, em 2021, com o governo do Estado para tratar da instalação de uma fábrica da Lamborghini no Estado. Na época, as autoridades locais divulgaram o encontro com a impressão de estar tratando com a montadora italiana. Após a informação circular na internet, começou a repercussão sobre não ser, de fato, a empresa famosa por carros de luxo e isso gerou saia-justa, como mostrou a colunista Dagmara Spautz.
Garcia se apresenta como da Lamborghini Latinoamérica, mas o uso do nome está na Justiça. Em resumo, a Volkswagen, que adquiriu a Lamborghini em 1998, questiona o uso da marca por outra empresa. Em 2018, uma nota da montadora, publicada pelo portal Uol, dizia que a Lamborghini não tem negócios relacionados com entidades na América Latina e que estava processando os representantes da Latinoamérica.
À época, o governo do Estado chegou a apagar as fotos e a reportagem que fala sobre o encontro com os supostos integrantes da Lamborghini.
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