

Investigação mira esquema de corrupção que contratava atores para manipular eleições de 2024 no RJ – Foto: Divulgação/Polícia Federal/ND
A Polícia Federal realizou uma operação na manhã desta quarta-feira (15) que tem como alvo uma organização criminosa suspeita de manipular eleições em 2024. Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão em municípios no Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A Justiça determinou ainda o bloqueio de cerca de R$ 3,5 bilhões das contas dos investigados e a suspensão das atividades de oito empresas. O grupo criminoso contratava atores para fazer um teatro político na rua e manipular a opinião pública.
Os mandados foram cumpridos em endereços ligados aos investigados nas cidades de Cabo Frio (RJ), Itaguaí (RJ), Mangaratiba (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e Juiz de Fora (MG). O grupo é suspeito de obstrução da justiça, “caixa dois”, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro.
Como funcionava o esquema usado para manipular eleições?
A “Operação Teatro Invisível II” é um desdobramento de uma ação que ocorreu em 12 de setembro de 2024, quando quatro pessoas foram presas. Segundo a investigação da Polícia Federal, o grupo investigado criou uma rede de desinformação que atuava em períodos eleitorais.
Os atores eram contratados para encenar diálogos em locais de grande circulação, a fim de influenciar o eleitorado. Eles teriam sido pagos com dinheiro público de contratos de serviços inexistentes.

Grupo contratava atores com dinheiro público para manipular eleitorado no RJ – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/ND
Os contratos eram firmados entre as prefeituras de Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e São João de Meriti, municípios no Rio de Janeiro, e as oito empresas investigadas. Com as encenações, os atores desmoralizavam candidatos em público, com roteiros pensados para parecerem espontâneos.
As atuações envolviam diálogos entre eleitores, brigas em comícios e denúncias falsas de corrupção contra candidatos da oposição. Os vídeos eram publicados nas redes sociais.
A PF apurou que o grupo destruiu provas que poderiam incriminar os integrantes. Além disso, há indícios de que o grupo “utilizou recursos não declarados à Justiça Eleitoral, a fim de favorecer candidatos políticos nas eleições de 2024”.

Polícia Federal encontrou indícios de que o grupo não declarou informações à Justiça Eleitoral para favorecer seus candidatos – Foto: Divulgação/ND
“Surgiram novas provas de lavagem de dinheiro, com transações ilegais por meio de contas de passagem, uso de dinheiro em espécie, empresas com intensa movimentação financeira e aquisição de bens de alto valor”, declarou a Polícia Federal.
A Prefeitura de Cabo Frio informou que, até o momento, “não dispõe de informações concretas sobre a operação”. As prefeituras Itaguaí, Mangaratiba e São João de Meriti não retornaram à reportagem. O espaço segue aberto.