‘Psicopata’: filho de esteticista enterrada em Palhoça detalha relação da mãe com ex

O caso da esteticista Michele de Abreu Oliveira, de 42 anos, chocou o município de Palhoça, na Grande Florianópolis. A mulher foi encontrada morta e enterrada no chão da cozinha da própria casa em 22 de maio. Os principais suspeitos são o ex-companheiro e o filho caçula, de 16 anos.

Mesmo separados há quatro anos, a esteticista ainda morava com Márcio de Oliveira Bigois, de 46 anos, na Praia de Fora, em Palhoça. Ele e o filho de 16 anos do casal foram detidos pela polícia dois dias após a descoberta do cadáver.

O filho mais velho de Michele, Alef Douglas Oliveira da Silva, detalhou a relação conturbada da mãe com o suspeito em entrevista ao Cidade Alerta na segunda-feira (29).

“Eles já tinham conflitos desde 2021 e só foi piorando conforme o tempo foi passando. Mas eu acredito que ela voltava com ele pelas ameaças”, lembra Alef, que também foi alvo das ameaças de Márcio.

“A gente tentava conviver porque pensava que ele ia mudar […] minha mãe falava direto que ele era um psicopata, um sociopata”, completa.

Ele ressalta que a esteticista já havia denunciado o ex-companheiro por violência doméstica e ele chegou a ser preso, porém, foi liberado no dia seguinte e as ameaças continuaram.

“Pelo que ela falou para mim por mensagem, ele tentou enforcá-la dentro do carro. Meu irmão estava junto e ele viu, até comprovou”, diz o filho mais velho em reportagem do Cidade Alerta.

Polícia descarta hipótese de ritual religioso na morte da esteticista

É difícil para Alef acreditar que o irmão mais novo tenha participado do crime. “Esse ano ele mudou bastante em questão a religião e a querer seguir os passos do pai dele. Eu acredito que o pai dele possa ter influenciado muito a fazer o que fez”, avalia.

Ele revela que o companheiro da mãe matava animais como cachorros e gatos no mesmo salão em que Michele foi encontrada morta. Ele acusa o suspeito de tê-la usado para um “pacto”.

A delegada Gisele de Faria Jerônimo, no entanto, descarta que a morte tenha relação com a religião do investigado. “Não teria elementos para dizer que foi dentro de um ritual”, esclarece.

A Polícia Civil de Santa Catarina teve acesso a câmeras das casas vizinhas para elucidar o caso. “A gente viu que nos dias que antecederam a morte não houve a possibilidade de intervenção de uma terceira pessoa, então as coisas aconteceram dentro de casa com as pessoas que habitavam aquela casa”, conclui a delegada responsável.

“Uma dificuldade da investigação foi conseguir separar a conduta de cada um, porque ali a gente teve a prática do feminicídio e também a ocultação de cadáver. Pelo silêncio de ambos, ficou difícil individualizar o que cada um fez”, aponta.

A família de Michele ainda aguarda que a denúncia seja aceita pela Justiça. “O que todo mundo espera é a justiça. Eu acredito que a justiça vai ser certa”, declara o filho mais velho, Alef.

Relembre o caso da esteticista morta e enterrada no chão da cozinha em Palhoça

Michele de Abreu Oliveira, esteticista e massoterapeuta vítima de feminicídio estava desaparecida há nove dias quando a polícia localizou o corpo, em 22 de maio.

Ainda assim, pessoas próximas de Michele receberam mensagens do celular dela. As mensagens de texto foram enviadas quatro dias depois que a família registrou o desaparecimento da vítima e o teor da conversa indicava que Michele estaria em Criciúma.

Em uma mensagem direcionada ao filho mais velho Alef, a esteticista diz que irá trocar de número e que “está se organizando e logo entrará em contato”.

As testemunhas, porém, estranharam as mensagens. “Aquilo lá a gente acredita que não foi ela que mandou porque não está com a escrita dela. Ela não escreve daquela forma, a gente conhece bem a escrita dela”, disse uma pessoa que não preferiu se identificar.

Uma machadinha foi encontrada ao lado do cadáver sob o chão da cozinha onde a vítima morava com o ex-companheiro e o filho mais novo, ambos presos por envolvimento no crime.

A denúncia do MPSC afirma que o adolescente de 16 anos teria sido corrompido pelo pai a praticar com ele os crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

“O denunciado Márcio de Oliveira Bigois, de forma livre e voluntária, ciente da ilicitude e reprovabilidade de sua conduta, imbuído de manifesto propósito de ceifar a vida de outrem, em comunhão de esforços e unidade de desígnios com seu filho, animado por motivo torpe e por razões da condição de sexo feminino, no contexto de violência doméstica e familiar, mediante tortura, meio cruel e com recurso que dificultou a defesa da vítima, matou sua ex-companheira e mãe do adolescente, Michele de Abreu Oliveira, com quem coabitava”, relata a denúncia.

Márcio de Oliveira Bigois, ex-companheiro da esteticista, está sendo denunciado pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e corrupção de menor.

Em nota divulgada em maio, a defesa de Márcio informou que “confia na apuração minuciosa dos fatos pelas autoridades competentes e na demonstração da verdade no decorrer das investigações”.

De acordo com os advogados Matheus Menna e Osvaldo Duncke, representantes do ex-companheiro da vítima e do filho do casal, “todas as circunstâncias serão devidamente esclarecidas nos autos do processo, o qual tramita em segredo de justiça”.

Confira entrevista exclusiva com Alef Oliveira da Silva, filho de Michele