Operação em três estados prende 17 por fraude no Gov.br; hacker do RJ invadia contas

PCRS localiza suspeito de participação em fraude no Gov.br

Foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva e 25 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro – Foto: Divulgação/PCRS/ND

Uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com parceria da corporação em Santa Catarina, prendeu 17 pessoas nesta quarta-feira (7), por fraude no Gov.br e revenda de veículos clonados.

A ofensiva cumpriu mandados em dez cidades, sendo cinco em território gaúcho, quatro na Grande Florianópolis e uma no Rio de Janeiro. Segundo a investigação, a principal liderança do grupo é vinculada a uma facção criminosa com origem em Santa Catarina.

A operação que investiga fraude no Gov.br foi denominada Krypteia, em alusão à antiga “Krypteia” espartana, tradição que vigiava, controlava e agia nas sombras em defesa da ordem de Esparta.

Conforme informado pela Polícia Civil gaúcha, o esquema criminoso responsável por fraude no Gov.br era complexo e incidia, principalmente, na falsificação de documentos, invasão de dispositivos informáticos, adulteração de sinal identificador de veículos, lavagem de capitais e estelionatos.

Criminosos revendiam veículos clonados e falsificavam documentos por meio de invasões a contas do Gov.br – Foto: Divulgação/PCRS/ND

Venda de carro clonado revelou fraude no Gov.br, diz polícia

A investigação teve início no Rio Grande do Sul, depois que uma pessoa foi até a delegacia para denunciar que o carro, que acabara de comprar, estava em situação de furto/roubo.

A vítima contou à polícia que comprou uma Volkswagen T-Cross por R$ 80.000 e que soube da condição após receber o ATPV-e (Autorização para Transferência de Propriedade de Veículo) para dar início à troca de titularidade do carro, que estava clonado. O veículo original havia sido roubado em Porto Alegre, poucos dias antes da revenda.

Ao todo, 17 pessoas foram presas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro durante a operação – Foto: Divulgação/PCRS/ND

A partir de então, os agentes descobriram que os criminosos passaram os dados da placa utilizada para a clonagem para um hacker, de 24 anos, morador do Rio de Janeiro. Ele era o responsável pela fraude no Gov.br, invadindo a conta do proprietário do carro e tendo acesso aos dados cadastrados na plataforma do governo federal.

Núcleo financeiro operava em Santa Catarina

Os trabalhos da polícia gaúcha descobriram que a célula financeira do grupo criminoso tinha origem em Santa Catarina e que o principal líder do esquema ordenava as ações de dentro da PMEC (Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas), no Rio Grande do Sul.

O indivíduo, que não teve a identidade revelada, foi condenado a 70 anos de prisão e é vinculado à facção PGC (Primeiro Grupo da Capital), que tem origem em Florianópolis. Era ele quem dava as ordens para compra de veículos roubados ou furtados no Rio Grande do Sul, e em Santa Catarina.


Ordens judiciais foram cumpridas em Florianópolis, São José, Palhoça e Criciúma – Vídeo: Divulgação/PCRS/ND

“Todos os golpes que eles davam, todos os lucros que eles tinham com as clonagens, com as vendas do esquema criminoso, eram transferidos para quatro empresas de fachada, sediadas em Santa Catarina”, explicou o responsável pela delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos do Departamento Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos, delegado João Vitor Herédia, ao ND Mais.

O “número dois” do esquema de fraude no Gov.br e revenda de veículos clonados também já estava preso, mas em Santa Catarina. Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão no estado, e seis pessoas foram alvos de prisão preventiva — incluindo as duas lideranças, já detidas. Eles foram capturados em Florianópolis, São José e Palhoça. Um receptador, em Criciúma, também foi preso.

Como operava o esquema?

Após a clonagem do veículo e com acesso aos documentos do proprietário, o hacker responsável pela fraude no Gov.br auxiliava os criminosos na transferência de documentação do veículo original. Neste momento, eles anunciavam a venda do veículo em marketplaces por um valor abaixo do mercado, atraindo o interesse de terceiros.

Rede social usada por suspeito de fraude e revenda de veículos - Divulgação/PCRS/ND

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Rede social usada por suspeito de fraude e revenda de veículos – Divulgação/PCRS/ND

Anúncio de veículo clonado nas redes sociais - Divulgação/PCRS/ND

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Anúncio de veículo clonado nas redes sociais – Divulgação/PCRS/ND

Polícia Civil de Santa Catarina prestou apoio durante cumprimento de mandados em quatro cidades catarinenses - Divulgação/PCRS/ND

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Polícia Civil de Santa Catarina prestou apoio durante cumprimento de mandados em quatro cidades catarinenses – Divulgação/PCRS/ND

A partir da manifestação de interessados, os suspeitos se utilizavam da fraude no Gov.br para apresentar documentação adulterada e dar andamento à venda do carro. Após a transferência dos valores e com a documentação do veículo em mãos, a vítima só descobriria o golpe ao contatar o Detran (Departamento Nacional de Trânsito) para realizar a transferência veicular.

Operação

Mais de 120 policiais civis do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro, além de policiais penais, atuaram na operação que investiga fraude no Gov.br e revenda de carros clonados. Ao todo, 22 pessoas foram alvos de ordens judiciais.

Dentre eles, estão integrantes do grupo, familiares e braços operacionais, operadores financeiros, célula de clonagem, célula de invasão e demais integrantes envolvidos nos apoios logísticos e de lavagem de capitais. Documentos e aparelhos celulares, que devem auxiliar na apuração, também foram apreendidos.

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