Dificuldade em se demitir? Consultoria de demissão vira moda entre tímidos; entenda

Mirando o público tímido, uma empresa lançou uma consultoria de demissão e virou um “case” de sucesso no Japão. Apenas no ano passado, foram 11 mil casos mediados pela Mormai.

Sede da empresa Mormai – Foto: Reprodução/Mormai/ND

O nome da empresa, que foi fundada em 2021, é uma expressão japonesa que significa “não aguento mais”. Conforme o jornal Japan Times, a maior procura pelos serviços de demissões são após o feriado prolongado “Golden Week” no país.

Após o fim do último feriado, 174 pessoas procuraram a consultoria para largarem o emprego.

“Há uma tendência de mais pessoas pedirem demissão por motivos psicológicos após o feriado, já que tiveram tempo para descansar e refletir sobre várias coisas”, explicou o representante da empresa ao jornal japonês, Shiori Kawamata.

O representante destaca que – ao contrário do que pode parecer – não são apenas jovens e recém contratados que procuram a Mormai: cerca de 40% dos clientes têm mais de 40 anos.

Agência presta consultoria legal e emocional para pessoas que querem pedir demissão – Foto: Antonio Diaz/ND

Como funciona a empresa de demissão?

A empresa faz todo o serviço “sujo” para o empregador que deseja largar o emprego. Ela comunica a intenção de demissão do cliente e negocia com os empregadores em seu nome.

No portal da agência, eles garantem que possuem taxa de 100% de resolução dos casos e devolvem o dinheiro caso não consigam.

Além das mediações com as empresas difíceis, eles também oferecem serviços de consultoria na qual orientam os clientes sobre seus direitos legais, como proceder em casos de assédio e como solicitar o seguro desemprego.

Também fazem encaminhamentos gratuitos para psiquiatrias e ainda orientam sobre questões de saúde, como atestados médicos, benefícios por lesões e doenças, indenizações relacionadas ao trabalho, etc.

Todo esse suporte custa 22 mil ienes, o equivalente à cerca de R$ 840.

Questões trabalhistas no Japão

A cultura do mercado de trabalho japonês pode ser a resposta para a crescente procura por empresas que oferecem o serviço de demissão. No país, não fazer hora extra ou pedir para não trabalhar em feriados é considerado desrespeito aos chefes.

Serviço custa 22 mil ienes – Foto: Reprodução/Mormai/ND

Para a CNN, uma jovem de 24 anos disse que contratou a Momuri após desenvolver problemas de saúde mental pela carga horária exaustiva.

Segundo a jovem, um dia de trabalho de 12 horas era considerado curto na empresa, havendo dias que ela só conseguia sair às 23h do serviço.

“Não queremos que as pessoas desenvolvam o hábito de desistir — serviços de demissão como o nosso não existem para que as pessoas possam sair sempre que quiserem. Gostaríamos que as pessoas usassem nosso serviço de demissão como um último recurso, que elas possam confiar como uma proteção para que possam seguir em frente com suas vidas”, continuou o representante Shiori Kawamata.

A profissional torce para que o aumento nos pedidos de demissão sirvam como um alerta para as empresas no Japão desenvolverem mudanças para melhorar as condições de trabalho.

“Ao chamar a atenção para isso, se mais empresas reconsiderarem seus ambientes de trabalho e melhorarem as relações com seus funcionários, haverá um significado na existência de serviços de demissão como o nosso — é nisso que nossa empresa acredita”, completou.

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