Após dois anos, PF conclui que morte de Bruno Pereira e Dom Phillips foi motivada por vingança

Dois anos após as mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips, na terra indígena Vale do Javari, no Amazonas, a Polícia Federal concluiu que os assassinatos foram motivados em represália às fiscalizações realizadas na região. Bruno e Dom desapareceram no dia 5 de junho de 2022, quando visitavam a região para realizar entrevistas para a produção de um livro e de reportagens sobre invasões em terras indígenas.

Bruno Pereira e Dom Phillips foram assassinados, esquartejados e tiveram os corpos enterrados no Amazonas

Indigenista e jornalista inglês foram assassinados, esquartejados e tiveram os corpos enterrados no Amazonas – Foto: Joao Laet/ AFP/ ND

Desde que o inquérito foi aberto, à época do crime, a Polícia Federal já indiciou nove pessoas — dentre elas, o traficante Rubens Villar Coelho, conhecido como “Colômbia”, apontado como mandante do crime.

O relatório final aponta que Colômbia forneceu cartuchos para a execução do crime, patrocinou as atividades da organização criminosa responsável pela execução e interviu para coordenar a ocultação dos cadáveres.

Os demais indiciados tiveram papéis na execução dos homicídios e na ocultação dos cadáveres das vítimas.

O jornalista britânico, Dom Phillips, atuava no Brasil há 15 anos

O jornalista britânico, Dom Phillips, atuou no Brasil durante 15 anos – Foto: João Laet/ AFP/ Reprodução/ ND

Fiscalização a invasão de terras indígenas motivou crimes

Segundo revelado pela Polícia Federal, os assassinatos foram motivados em retaliação às atividades fiscalizatórias promovidas por Bruno Pereira na região. O indigenista atuava em defesa da preservação ambiental e na garantia dos direitos povos originários.

O inquérito também revelou a atuação de um grupo criminoso na região de Atalaia do Norte, ligada à pesca e caça predatórias. A ação do grupo criminoso gerou impactos socioambientais, causou ameaças aos servidores de proteção ambiental e as populações indígenas.

Em janeiro de 2023, “Colômbia” foi apontado pela PF como mandante da execução de Bruno Pereira e Dom Phillips. O inquérito foi remetido ao Ministério Público Federal para apreciação e apresentação de denúncia.

Pescador confessou assassinato

Dias após os restos mortais de Bruno Pereira e Dom Phillips serem encontrados, um dos pescadores investigados pela Polícia Federal confessou o crime.

Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, e o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, teriam sido os responsáveis pela execução. Ambos estão presos desde então.

Bruno Pereira atuava na defesa dos povos indígenas no Amazonas - Foto: The Guardian/ Reprodução/ ND

Bruno Pereira atuava na defesa dos povos indígenas no Amazonas – Foto: The Guardian/ Reprodução/ ND

Relembre morte de Bruno Pereira e Dom Phillips

Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram no Vale do Javari, no Amazonas, no dia 5 de junho, quando viajavam de barco pela comunidade de São Rafael. De lá, seguiam para Atalaia do Norte. A viagem deveria durar duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.

Os restos mortais de Bruno Pereira e Dom Phillips foram localizados em 15 de junho. Segundo a investigação, eles foram mortos a tiros e tiveram os corpos esquartejados, queimados e enterrados. Laudo pericial mostrou que Bruno foi atingido por três tiros e Dom, baleado uma vez.

Inquérito da Polícia Federal aponta que Bruno Pereira e Dom Philips foram mortos por vingança

Inquérito da Polícia Federal aponta que Bruno Pereira e Dom Philips foram mortos por vingança – Foto: Internet/ Reprodução/ ND

Quem foram Bruno e Dom?

O jornalista britânico, Dom Phillips, era um veterano na cobertura internacional, tendo atuado em jornais de renome internacional, como “Washington Post”, “The New York Times” e “Financial Times”, e estava no Brasil há aproximadamente 15 anos.

Ele era conhecido por sua paixão pela região amazônica, tendo viajado muito pela região para contar sobre a crise ambiental brasileira e os problemas de comunidades indígenas.

Bruno Araújo Pereira era indigenista e um dos principais especialistas em indígenas, que vivem em áreas de isolamento no Brasil. Ele viajava com o jornalista inglês pela região do Vale do Javari, na Amazônia, para um trabalho realizado pelo jornalista.

Pereira era concursado da Funai desde 2010 e chegou a ser coordenador regional do Vale do Javari, com sede na cidade de Atalaia do Norte (AM). Ele deixou o cargo em 2016 após um intenso conflito entre povos da região.

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