Vídeo desmente versão da polícia sobre morte de estudante de medicina e MP pede prisão

Imagens das câmeras corporais, divulgadas no sábado (11), revelam a atuação da Polícia Militar na execução de um estudante de medicina em São Paulo, em novembro de 2024. Na última quarta-feira (8) os dois policiais envolvidos foram denunciados pelo MPSP (Ministério Público de São Paulo).

 

A Promotoria de Justiça do IV Tribunal do Júri da Capital ainda recomendou a prisão preventiva de um dos acusados. O caso ocorreu na madrugada do dia 20 de novembro, no bairro Vila Mariana, após o estudante de medicina dar um tapa no retrovisor da viatura e sair correndo.

O MPSP entendeu que, enquanto um dos policiais causou a morte do jovem ao atirar contra ele, o outro prestou auxílio moral e material para o crime. Caso a denúncia seja aceita pelo Judiciário, ambos responderão por homicídio qualificado pelo motivo torpe e pela impossibilidade de defesa da vítima.

“É certo que os policiais agiram impelidos por motivo torpe, em retaliação ao tapa desferido pela vítima no retrovisor da viatura, empregando força letal contra pessoa que estava nitidamente alterada e desarmada, com evidente abuso de autoridade e inobservância dos procedimentos operacionais padrão”, afirma a denúncia.

Novos vídeos mostram execução de estudante de medicina por policiais militares em SP

Os vídeos das câmeras corporais mostram o momento em que o estudante de medicina da Universidade Anhembi Morumbi, identificado como Marco Aurélio Acosta, de 22 anos, é perseguido pelos policiais após bater no retrovisor da viatura.

“Você vai tomar! Deita, senão você vai tomar”, gritam os soldados, enquanto um desce da viatura armado e outro segue no volante.

O jovem correu para dentro do hotel onde estava hospedado. No saguão, um dos PMs conseguiu segurá-lo pelos braços. Marco Aurélio Acosta tentou se defender de um chute segurando a perna do agente, que caiu.

Nesse momento, o outro policial atirou contra o abdômen da vítima. “Se você se mexer, você vai tomar mais um”, alertam os agentes. Ainda consciente, o estudante de medicina responde: “Tira a mão de mim. Tá bom, eu perdi”.

O jovem chegou a ser levado ao Hospital Ipiranga, mas não resistiu. Segundo o pai, o médico Julio Cesar Acosta Navarro, ele estava no quinto ano de faculdade de medicina, havia acabado de terminar o ano letivo e estava comemorando.

“Ele morreu por racismo, porque ele é moreno. E que dia ele morreu?”, declarou o pai, em referência ao Dia da Consciência Negra.

As imagens desmentiram a versão da PM registrada no boletim de ocorrência, que afirmava que Marco Aurélio estava “bastante alterado e agressivo” e teria tentado roubar a arma do soldado.

Tarcísio diz que Derrite não deixará Secretaria de Segurança Pública

Em entrevista à Record TV, a mãe Mónica Cárdenas Prado cobrou respostas do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos): “O que o senhor está fazendo para evitar mortes como a do meu filho? O que justifica esse policial ter matado o meu filho?”.

Ela também escreveu uma carta pedindo a punição dos responsáveis e a demissão do secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite, que “arrasta o governador para uma vergonha nacional e mundial”.

Nesta segunda-feira (13), porém, Tarcísio de Freitas negou que Derrite deixará o cargo. “Não pretendo fazer mudanças por hora”, declarou. Questionado sobre o caso do estudante de medicina, respondeu: “Existe um desejo de ver justiça e acho que tem que acontecer. Os responsáveis serão apresentados e irão a julgamento”.

*com informações do Estadão Conteúdo e do R7

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