Alvo de operação: conheça a ONG suspeita de envolvimento com o PCC em SP

Sediada em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, a ONG Pacto Social & Carcerário foi alvo de uma operação policial realizada na manhã desta terça-feira (14). De acordo com as investigações, a suspeita é de que diretores da organização tenham relação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Em seu estatuto social, a organização também se apresenta pela sigla PSC e pelo nome fantasia de “Associação de Familiares e Amigos de Reclusos, Egressos e Adolescentes em Conflito com a Lei de SP”.

Em uma rede social, a ONG informa que sua missão é “orientar todos os necessitados e excluídos da sociedade pelo tal sistema capitalista em seus direitos sociais e constitucionais”.

Ainda conforme o estatuto, a entidade diz que uma de suas finalidades é “impetrar ações judiciais e extrajudiciais em favor dos presos […] quando estes estiverem sofrendo ou na iminência de sofrer abuso de autoridade, arbitrariedade, ilegalidade, abuso de poder e afins por parte de agentes públicos”.

Outra finalidade descrita no documento é “proporcionar auxílio, orientação e assessoria jurídica aos familiares de reclusos [presos] e aos egressos [do sistema penitenciário] associados, mediante a execução direta e indireta de projetos, programas e planos de ações correlatas”.

O estatuto cita mais uma ação desempenhada pela organização: “viabilizar transporte ou passagem/condução para esposas e parentes de 1º grau que visitam ou queiram visitar, de acordo com as possibilidades e condições da ONG, visando a visitação ao recluso no regime fechado e semiaberto”.

No site oficial da entidade, há uma aba intitulada “liberte seu amor – benefícios gratuitos”. “Você pode e deve fazer todos os benefícios que forem necessários para seu ente querido ganhar a liberdade gratuitamente”, diz a página. Entre os serviços oferecidos estão progressão de regime, obtenção de liberdade condicional e revisão de penas.


Aba no site da ONG suspeita de envolvimento com o PCC promete "libertar seu amor"
Aba no site da ONG suspeita de envolvimento com o PCC promete “libertar seu amor” • Reprodução

Diretoria

Atualmente, a ONG é presidida por Luciene Neves. O vice-presidente é Geraldo Salles, marido dela, que se apresenta na internet como “Geraldo Salles das Liberdades” ou “Geraldo Salles Ativista de Direitos Humanos”. Ambos foram presos.

Em uma mensagem de fim de ano publicada no dia 31 de dezembro de 2024, Geraldo escreveu que 2025 seria o “ano da revolução periférica”.

“Não poderão nos impedir de conquistar nossos objetivos. Dentro da lei e legalidade seremos invencíveis. Então, em 2025 vamos nos UNIR em busca dos DIREITOS das pessoas presas e seus familiares”, diz a publicação.

Geraldo tem um página na internet na qual se apresenta como “especialista em execução criminal”. Nesse site, ele se descreve como: “consciente, idealista e revolucionário”. “Tenho certeza que podemos vencer pela inteligência e sabedoria. Sem ódio, violência, rancor, sem derramar uma gota de sangue. Basta conseguirmos conscientizar nosso povo, o povo pobre, preto, periférico…excluídos…em cada canto de todas comunidades”, acrescenta.

Nesta semana, antes da operação policial, Geraldo publicou um vídeo gravado no local onde funcionava a Casa de Detenção, no Carandiru, em São Paulo. No vídeo, ele promete um “trabalho social voltado para o seu entendimento dos direitos constitucionais e direitos humanos”.

@geraldosalesoficial 

♬ som original – Geraldo Sales Oficial – ONG Pacto Social e Carcerário

Segundo as investigações, a ONG orientava os presos para que simulassem torturas supostamente sofridas no sistema carcerário.

Participação em documentário

Geraldo Salles, que é egresso do sistema penitenciário, participou do documentário “O Grito – Regime Disciplinar Diferenciado”, que estreou no ano passado em uma plataforma de streaming.

“A conclusão que eu tenho é de que nós podemos, juntos, vencer. Mas não vencer o sistema com derramamento de sangue, nem com guerra, nem nada. Simplesmente usando as leis que nós temos no país. E são leis constitucionais”, disse Geraldo, em trecho de sua participação no filme.

O nome da operação desta terça-feira, inclusive, faz alusão ao documentário. A ação foi batizada de Scream Fake (falso grito, na tradução).

Outro lado

A CNN tentou contato com representantes da ONG por meio de diversos números de telefone, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.

Pelas redes sociais, a entidade ainda não se manifestou sobre a operação.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Alvo de operação: conheça a ONG suspeita de envolvimento com o PCC em SP no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.