Moradores denunciam insegurança no Pricumã após descoberta de cemitério clandestino

A invasão é conhecida como ‘Favelinha’ e fica próximo a área de mata onde os corpos foram encontrados (Foto: Marília Mesquita/ FolhaBV)

Após a descoberta de um cemitério clandestino, onde foram encontrados nove corpos, os moradores dos bairros Pricumã e Cinturão Verde, denunciaram a insegurança na região. Por medo de sofrer represálias, os moradores preferiram não se identificar.

Uma moradora antiga do bairro Pricumã, relatou que na ‘favelinha’, como é conhecida uma invasão que fica próximo ao cemitério clandestino e onde moram famílias de nacionalidade venezuelana, o fluxo de usuários de drogas e prostituição é intenso. O local fica no final da Rua Três Marias e próximo a uma área de mata.

“Eles tomaram de conta. Chegaram até a expulsar os brasileiros que ficavam por ali. O movimento lá para baixo é intenso, toda hora é descendo gente para lá. No período da noite, é que se intensifica. O negócio é tão sério, que a gente vê pessoas se prostituindo na rua e vendendo droga. Tem venezuelanos que são de bem e que trabalham, mas não tem condições de sair de lá”, comentou a moradora.

Ainda conforme ela, equipes da Polícia Militar vão até o local, mas as ações não são suficientes para acabar com a criminalidade.

“A polícia bate lá direto, mas quando vão embora tudo volta a normalidade”, disse.

A mulher espera que as autoridades tomem providências em relação ao local. “Se acabasse igual acabou com outras invasões que tinham aqui por perto, seria incrível. As autoridades precisam fazer alguma coisa porque do jeito que está não tem condições”, finalizou.

Outra mulher que mora no bairro há 34 anos, enfatizou sobre a insegurança e o medo do filho entrar na criminalidade. Além disso, ela comentou sobre o aumento dos roubos na região.

“Tenho medo do meu filho se envolver na criminalidade, porque aqui está perigoso. Nós percebemos que crianças estão entrando para o tráfico. Eu sei de pelo menos três bocas de fumo perto da minha casa, estamos cercados. Outra coisa que vem ocorrendo com mais frequência, é o aumento dos roubos. Não podemos mais confiar em sair ou ficar sentados em frente de casa”, enfatizou.

Ela comentou que moradores antigos chegaram a vender as residências por conta do aumento da criminalidade. “Muita gente que morava aqui desde o início do bairro não aguentou, venderam a casa e foram embora daqui. Eu não quero ter que fazer isso porque a minha vida toda está aqui nesse bairro”, comentou.

Ambas os moradores destacaram que a PM faz rondas na região, mas que não são suficientes para combater os crimes. “A polícia faz as rondas, prende alguns, mas quando chegam na delegacia são liberados e estão na rua fazendo tudo de novo”, disse.

Desova de corpos

Uma moradora do Cinturão Verde, bairro que faz divisa com a área de mata onde os corpos foram encontrados, comentou que, há pelo menos três anos, circula na região que o local era utilizado para desovar corpos. Além disso, a mulher contou que alguns usuários que transitavam pelo bairro sumiram.

Ela contou, ainda, que vinha mau cheiro do igarapé e os moradores achavam que eram animais mortos que haviam sido jogados no local.

“Era um cheiro de carniça e pensávamos que eram animais mortos que tinham sido jogados aqui ou o esgoto que tem aqui próximo. Outra coisa que notamos é que algumas pessoas sumiram do bairro, não sabemos se morreram ou o que aconteceu com elas”, destacou.

Ela contou que no local funciona uma boca de fumo e é utilizado para a receptação de produtos roubados. Chegando até as próprias vítimas dos roubos irem até o local para tentar recuperar os bens.

“Como aumentou os roubos, todo mundo sabe que lá é o local de receptação, mas é muito perigoso ir lá em baixo. Alguns que foram roubados se arriscam a ir atrás das suas coisas”, explicou.

A Polícia Civil encerrou as buscas nessa quinta-feira, 23, após encontrar apenas nove corpos, mas os moradores da região acreditam haver mais vítimas enterradas no local.

“São pelos três anos que tem essa história, não é possível que tenham apenas nove corpos enterrados ali. Essa área tem que passar por uma vistoria bem detalhada porque está difícil conviver com isso”, finalizou a mulher.

Momento em que os restos mortais são recolhidos ( Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

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