Médico condenado por estupro em posto de saúde de Joinville tem nova condenação na Bahia

O médico condenado por estupro de vulnerável em Joinville, no Norte de Santa Catarina, recebeu nova condenação por estupro. Trata-se, porém, de um caso ocorrido na Bahia, em 2010. Nas duas situações, Antônio Teobaldo Magalhães Andrade cometeu o crime em postos de saúde.

A nova sentença foi publicada na última quinta-feira (29), pela Vara Criminal de Uruçuca (BA), onde ocorreu o estupro. A vítima, à época com 13 anos, conta que estava passando pelo posto de saúde quando o médico a chamou para a unidade, que estava fechada.

“Ela tinha queda de pressão constante e ia muito ao posto, mas nunca havia sido atendida por ele. Ele a abordou e disse para entrar, que averiguaria o caso. Levou ela para a sala de atendimento, trancou a porta e disse que ia examinar”, explica Ana Paula Nunes Chaves, advogada da vítima. No local, ele pediu que a adolescente tirasse as roupas e se virasse. Por fim, tocou as partes íntimas dela e se masturbou.

Depois, o médico disse que a adolescente precisaria fazer um exame em outra cidade e se ofereceu para levá-la. “Ela contou à mãe que o médico disse que precisava fazer o exame e que a levaria e a mãe ficou indignada. Mas pelo nervosismo e sem assimilar, não contou o resto”, fala a advogada.

Constrangida, a vítima chegou a mudar de cidade e sofreu com problemas psicológicos. “No decorrer dos anos, com o tratamento, ela conseguiu formalizar que aquilo havia sido um estupro e, então, contou para a mãe”, diz Ana Paula. Foi a mãe quem procurou a advogada para dar andamento à denúncia que corria a passos lentos na Justiça, após saber do caso em Joinville.

Médico já havia sido condenado por estupro em Joinville

Além da sentença recente, Antônio Teobaldo Magalhães Andrade já havia sido condenado por estupro de vulnerável em Joinville. O crime ocorreu em agosto de 2021, no posto de saúde do bairro Iririú.

À época, a paciente de 28 anos contou que chegou à unidade com crises depressivas e de ansiedade. “Ele sentou e tinha uma cadeira ao lado dele. Sentei na frente, normalmente, e ele começou a me perguntar tudo até que levantou e disse: o que você está precisando é de alguém que cuide de você e eu vou cuidar”, disse.

“Ele fez tudo que quis comigo, você pode imaginar. Eu, infelizmente, congelei. Eu gritava por dentro, ouvia meu grito, mas não conseguia falar. Depois, ele pegou a minha ficha, todos os meus dados e disse que eu estava nas mãos dele”, contou à época.

Antônio Teobaldo chegou a ser preso após a denúncia da vítima em Joinville, mas, atualmente, recorre das duas condenações em liberdade. Em Santa Catarina, ele foi condenado a 12 anos de reclusão e, na Bahia, a 15 anos, além do pagamento de R$ 100 mil de indenização à vítima.

“Nas duas situações, ele trancou a porta e cometeu o ato no posto de saúde. O que tinha acontecido anos antes, se repetiu. E, pelo que sei, muitas pessoas ficaram com medo de denunciá-lo, mas existia essa conduta dele”, reforça a advogada.

O que diz a defesa do médico

Marcos Antônio Santos Bandeira, um dos advogados de Antônio Teobaldo, disse que a defesa vai recorrer da decisão na Bahia:

“É absolutamente injusta, existem muitas inconsistências no processo. O primeiro ponto é que Teobaldo nunca foi fumante e a vítima disse que ele estava na porta do posto fumando um cigarro. A vítima não sabe se foi 2009, 2010 ou 2011 e entra a questão das falsas memórias. Em 2010, Teobaldo lançou um livro contra o tabagismo, sendo um combatente inflexível do cigarro. Existem muitas inconsistências, só tem a palavra da vítima e da mãe e de mais ninguém. Não duvido que a vítima tenha sofrido violência sexual, mas Teobaldo não é o autor desse crime”, disse.

Em 2022, o Superior Tribunal de Justiça determinou a suspensão da inscrição médica de Antônio Teobaldo, além da proibição do exercício da Medicina.