Pai de bebê velada com sinais vitais em SC diz que corpo ficou “quente” por 12 horas

Cristiano Santos, o pai da bebê velada com sinais vitais, na Serra catarinense, afirma que a criança ficou 12 horas no caixão, no sábado (19), e o corpo ainda estava “quente”, mesmo após a confirmação da morte pelos médicos. Perícia diz que temperatura corporal pode ser elevada, ainda que o organismo não tenha pulsação.

Pai diz que corpo de bebê ‘estava quente’

Em entrevista ao Biguá Tá On, Cristiano Santos afirmou que Kiara Crislayne de Moura dos Santos, de oito meses, velada no sábado (19), em Correia Pinto, ficou 12 horas no caixão até que a família percebesse que o corpo ainda apresentava estímulos.

Cristiano diz ainda que, no hospital, o médico não teria aferido a frequência cardíaca antes de prescrever medicações a paciente.

“No prontuário não consta nada de batimento cardíaco, de pressão arterial, não tem nada. Como a pessoa medica uma criança se nem checar os batimentos da criança ele checou? Não tem como fazer nada”, relembrou.

 

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ND Mais tentou contato com a família da vítima, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.

Laudo cita ‘percepção de calor’

Vítima tinha oito meses e morreu dois dias antes de completar 9 meses. Corpo foi encaminhado à perícia – Foto: Redes Sociais/Reprodução/ND

O laudo cadavérico confirmou o atestado de óbito do hospital, que informou que a bebê morreu na madrugada de sábado, por volta de 3h. O médico legista diz que, por se tratar de uma criança, o documento é sigiloso, mas “aponta diversas razões possíveis para a percepção de calor e leituras de pulso e saturação no oxímetro durante o velório”.

“No velório, notamos que a menina estava bastante quente. O dia todo ela estava assim. Se pegasse na menina dava para sentir as puxadas que ela dava na mão”, conta o pai.

O MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) aguarda a conclusão de outro laudo, o anatomopatológico, para atestar a causa da morte. O órgão deve investigar se houve negligência no primeiro atendimento médico à Kiara, na quinta-feira (17).

“Ficamos indignados, são informações desencontradas. Ele [médico] passou com a gente que foi afogamento, que ela tinha vomitado e tinha se afogado com o próprio vômito. E no laudo ele colocou como desidratação”, completa Cristiano Santos.

O que aconteceu

Corpo de Bombeiros foi acionado para atender ocorrência, na Serra catarinense – Foto: Reprodução/ND

  • Kiara dos Santos, de oito meses, passou mal na quinta-feira (17) e foi levada ao hospital pelos pais. Na unidade de saúde, o médico responsável pelo atendimento teria diagnosticado a bebê com um quadro de virose, administrado soro, receitado medicamento e liberado a paciente.
  • Na sexta-feira (18), a bebê passou mal novamente e foi levada ao hospital pela segunda vez. No retorno, o mesmo médico teria atestado a morte da vítima por volta de 3h daquele dia.
  • No sábado (19), durante o velório, a família notou que a bebê estaria apresentando sinais vitais, após ficar 12 horas no caixão. Um profissional acionado pelos pais de Kiara constatou que o corpo apresentava saturação e batimentos cardíacos.
  • O Conselho Tutelar também foi acionado e verificou, com outro equipamento, e também confirmou que a bebê apresentava frequência cardíaca. A menina foi levada ao hospital e teve a morte confirmada novamente.
  • O IGP (Instituto Geral de Perícia) foi acionado para encaminhar o corpo da bebê à perícia. A Prefeitura de Corria Pinto lamentou a morte de Kiara e disse que “reitera o seu compromisso em proporcionar o melhor atendimento para todos os cidadãos, e reforça que, em nenhuma circunstância, qualquer profissional pode emitir atestados ou declarações sem a devida constatação das condições do paciente”.
  • O MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) pediu prioridade no exame pericial para apurar as circunstâncias da morte.
  • Kiara Crislayne de Moura dos Santos, que completaria nove meses nesta segunda-feira (21), foi sepultada no domingo (20).

O que diz a prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Correia Pinto lamentou a morte de Kiara e afirma que nenhum “profissional pode emitir atestados ou declarações sem a devida constatação das condições do paciente”. Leia o posicionamento na íntegra:

“A Prefeitura de Correia Pinto, por meio da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli, se solidariza com a família de Kiara Crislayne de Moura dos Santos neste momento de dor e esclarece que a paciente deu entrada no hospital por volta das 3 horas do dia 19 de outubro de 2024. O atendimento foi realizado pela equipe plantonista, que constatou o óbito da criança.

Mais tarde no mesmo dia, por volta das 19 horas, a criança foi novamente trazida ao hospital pelo Corpo de Bombeiros Municipal, com relato de sinais de saturação. A equipe médica, mais uma vez atendeu a criança, e foi constatado o óbito.

Diante dessa situação, a Diretora Geral da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli prontamente acionou o Instituto Geral de Perícias (IGP), que realizará a análise e emitirá o laudo conclusivo no prazo de aproximadamente 30 dias.

A Prefeitura de Correia Pinto reitera o seu compromisso em proporcionar o melhor atendimento para todos os cidadãos, e reforça que, em nenhuma circunstância, qualquer profissional pode emitir atestados ou declarações sem a devida constatação das condições do paciente.

Além disso, todos os profissionais de saúde são constantemente orientados e treinados, garantindo que a vida e o bem-estar das pessoas sejam sempre a prioridade”, diz a prefeitura, em comunicado oficial.

O que diz o Ministério Público

O MPSC também solicitou o prontuário médico da bebê e a oitiva do médico, família da vítima e testemunhas, incluindo bombeiros e conselheiras tutelares que atenderam o caso.

“É precipitado, no momento, tirar qualquer conclusão sobre o caso antes da realização dos laudos. Apesar da presença de poucos batimentos cardíacos até o retorno da criança ao hospital, os bombeiros também constataram outros sinais compatíveis com a morte, como pupilas dilatadas e não reagentes e arroxeamento em algumas partes do corpo. A perspectiva é de que os laudos cadavérico e anatomopatológico fiquem prontos em um mês”, diz o promotor do MPSC, Marcus Vinicius dos Santos.

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