ÁUDIO: Jornalista denunciou atendimento em delegacia horas antes de ser morta pelo ex

Após mensagem de áudio gravada pela jornalista Vanessa Ricarte momentos antes de ser morta pelo ex-noivo, Caio Nascimento, ser divulgada por amigos da vítima no sábado (15), o Ministério da Mulher afirmou que enviará representantes para investigar o atendimento da DEAM (Delegacia da Mulher Brasileira) de Mato Grosso do Sul.

Jornalista morta pelo ex-companheiro, Caio Nascimento – Foto: @vanessaricarte/Instagram/ND

Vanessa foi morta na quarta-feira (12), horas após registrar boletim de ocorrência por ameaça, cárcere privado e divulgação de vídeos íntimos. Quando ela chegou em casa, encontrou o ex-noivo sob efeito de cocaína e foi esfaqueada três vezes no tórax.

No áudio, Vanessa relata que foi mal atendida pelos profissionais de plantão na delegacia e que não recebeu acolhimento necessário no momento da denúncia.

“Eu tô bem impactada com o atendimento da Casa da Mulher Brasileira. Eu, que tenho toda instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagine uma mulher vulnerável, sem ter uma rede de apoio nenhuma. Essas que são mortas, essas que vão para a estatística do feminicídio”, disse.

Caio Nascimento

Caio Nascimento tinha 10 passagens por violência doméstica, mas não foi preso – Foto: @ccaionascimento/Instagram/ND

O suspeito tem 10 boletins de ocorrência registrados contra ele por violência doméstica. Vanessa relatou que tentou obter informações sobre o histórico dele, mas a delegada negou, afirmando ser sigiloso.

Em outro trecho, a vítima destacou que deixou claro para a delegada que precisava voltar para casa, mas ela não ofereceu escolta.

“Falei que precisava ir pra minha casa, faz dois dias que eu não tomo banho, não troco de roupa. Aí ela: então vai pra sua casa. Você já avisou ele? Mande mensagem falando pra ele deixar a casa. Eles não entendem a dimensão do negócio”, relatou.

Ouça o áudio da jornalista morta pelo ex

Autoridades se manifestaram

Em nota, o Ministério das Mulheres afirmou que encaminhou um ofício à Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul solicitando a abertura de procedimento investigativo para apurar o atendimento prestado à jornalista.

“A equipe do Ministério das Mulheres viaja a Campo Grande ainda neste final de semana para dialogar com representantes da rede de atendimento”, alegou a pasta.

A Adepol (Associação dos Delegados de Polícia do Estado) também se pronunciou informando que ofereceu “todas as orientações e todas as medidas existentes para a tutela da segurança e vida da vítima, seguindo todo o protocolo operacional existente até então, inclusive com a orientação de não voltar para casa e permanecer no alojamento da Casa da Mulher Brasileira, sugestão que não foi aceita pela vítima e não pode ser coercitiva”.

Em relação ao histórico do suspeito, a polícia ressaltou que não forneceu as informações por serem sigilosas. “Dados sigilosos não foram fornecidos para a vítima e não serão fornecidos doravante para outras pessoas”.

 

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Quem era Vanessa Ricarte, jornalista morta pelo ex

Vanessa Ricarte era chefe da assessoria de comunicação social do MPT-MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul) desde agosto de 2023. Antes disso, atuou em assessorias do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul e da Prefeitura de Campo Grande.

Nas redes sociais, Vanessa compartilhava dicas de estratégias de comunicação e sua trajetória profissional e pessoal.

Apaixonada por comunicação desde a adolescência, formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e lecionou redação por sete anos, antes de ingressar na área de assessoria.

Jornalista morta pelo ex tocando sanfona

Jornalista morta pelo ex trabalhava no MPT-MS – Foto: Reprodução/Instagram

Denuncie a violência contra a mulher

Toda violência doméstica deve ser denunciada sob a Lei Maria da Penha. Se presenciou ou foi vítima, informe as autoridades. Em Santa Catarina, a denúncia pode ser feita de maneira online na Delegacia de Polícia Virtual da Mulher por este link ou pelo WhatsApp (48) 98844-0011. Na Polícia Militar, usa-se o aplicativo PMSC Cidadão. Já por telefone, a denúncia pode ser anônima pelos telefones 181 (Polícia Civil), 190 (Polícia Militar) e 180 (Disque Denúncia).

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