Clésio Salvaro e mais nove: quem são os presos por fraude em serviço funerário em Criciúma

A segunda fase da Operação Caronte, desencadeada pelo Ministério Público de Santa Catarina, nesta terça-feira (3), prendeu o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, e outras nove pessoas envolvidas na organização criminosa que tomou conta dos serviços funerários da cidade.

Segundo o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), o esquema era formado por dois núcleos — um empresarial e outro público — formados por sócios das empresas funerárias, servidores municipais e políticos.

Detidos na segunda fase da Operação Caronte foram encaminhados para o sistema prisional – Foto: MPSC/ Divulgação/ND

Os 10 presos são denunciados por formação de organização criminosa, fraude em procedimentos licitatórios e contratações públicas, crimes contra as relações de consumo e corrupção passiva e ativa.

O MPSC denunciou 21 pessoas por envolvimento no esquema criminoso. Sete foram presas durante a primeira fase da ofensiva — dentre elas, o ex-secretário de Assistência Social de Criciúma, Bruno Ferreira, e o lobista contratado pelo Grupo Crematório Catarinense e Bom Jesus para ser o elo entre os núcleos, Jefferson Monteiro.

Quem são os presos por fraude em serviço funerário

Clésio Salvaro, prefeito de Criciúma, foi um dos presos na segunda fase da ofensiva nesta terça-feira. A investigação aponta que ele pertencia ao núcleo público do esquema criminoso, ao lado de Juliano da Silva Deolindo, advogado da Secretaria Municipal de Assistência Social de Criciúma, e Juliane Abel Barchinski, servidora da Secretaria Municipal de Assistência Social de Criciúma, que também foram presos.

Clésio Salvaro, prefeito de Criciúma, foi um dos presos na segunda fase da ofensiva nesta terça-feira – Foto: Reprodução/Redes Sociais/ND

Documentos, aos quais a reportagem do ND Mais teve acesso, mostram que Juliane Barchinski foi a responsável por finalizar o edital da licitação pública fraudada. Ela é citada pelos envolvidos, em troca de mensagens, como “Juli, aquela lá que é do Salvaro“. A servidora atuou como Presidente da Comissão Especial de Licitação dos Serviços Funerários e dos Serviços Cemiteriais de Criciúma.

A investigação do Geac e Gaeco apontam que os grupos empresariais, Crematório Catarinense e Bom Jesus, Menino Deus e Frasseto Serviços Funerários e Recando da Paz e Criciúma Serviços Funerários “se uniram” para assumir a Central de Serviços Funerários do município.

Conforme apuração da reportagem do Grupo ND, os outro sete presos fazem parte do núcleo empresarial. São eles, em ordem alfabética:

  • Eduardo D’Ávila: gerente de empresa, vinculado ao grupo Recanto da Paz e Criciúma Serviços Funerários;
  • Fabio André Leier: administrador, vinculado ao Grupo Crematório Catarinense e Bom Jesus;
  • Gilberto Machado Júnior: empresário, sócio do Grupo Recanto da Paz e Criciúma Serviços Funerários;
  • Guilherme Mendonça: empresário, sócio do Grupo Crematório Catarinense e Bom Jesus;
  • Hélio da Rosa Monteiro: empresário, sócio do Grupo Menino Deus e Frasseto Serviços Funerários;
  • Henrique Monteiro: empresário, sócio do Grupo Menino Deus e Frasseto Serviços Funerários;
  • Luiz Henrique Cavalli: gerente de empresa, vinculado à funerária Recanto da Paz e Criciúma Serviços Funerários. Foi nomeado gerente da Central de Serviços Funerários de Criciúma, função que exercia em Florianópolis.
Empresas reduziram qualidade de serviços funerários em favor de interesses próprios e causaram prejuízos à população em vulnerabilidade emocional com anuência da prefeitura e de Clésio Salvaro

Empresas reduziram qualidade de serviços funerários em favor de interesses próprios e causaram prejuízos à população em vulnerabilidade emocional – Foto: Reprodução/ ND

Clésio Salvaro e poder público agiram em conluio com empresários, diz MPSC

Segundo a investigação, o grupo criminoso solicitou modificações “grandiosas e estratégicas” em licitação aberta, de ampla concorrência, para prestação de serviços funerários em Criciúma. As apurações apontam que as alterações “permitiriam, posteriormente, que as empresas, já na execução do contrato, auferissem lucros ilícitos”.

A iniciativa gerou “crimes contra a economia popular, a ordem tributária e a administração pública”. O grupo conseguiu, com anuência do poder público e participação de diversos elementos, alterar legislações municipais, reduzir a qualidade do serviço prestado e onerar famílias de baixa renda, com a cobrança por serviços que seriam gratuitos.

Em um dos casos, ao qual a reportagem do ND Mais teve acesso, um bebê de 6 meses foi enrolado em uma coberta, cortada pela mãe, e enterrado em um caixão com marcas de uso. A família precisou pedir dinheiro emprestado para comprar uma coroa de flores para o velório da criança. Conforme a licitação, o serviço deveria ser prestado gratuitamente.

A reportagem tenta contato com as defesas dos citados na matéria. O espaço segue aberto para manifestação.

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